Este “tudo”, explicou o Papa, pode ser expresso em três dinâmicas: no grande caminho da vida, o Espírito Santo nos ensina por onde começar, que caminhos seguir e como caminhar.
O Espírito é o “motor” da nossa vida espiritual
O ponto de partida é o amor. O Espírito nos lembra que, sem o amor na base, tudo o mais é vão. Ele é o “motor” da nossa vida espiritual, alimentando nossa memória positiva.
Ele nos ensina a não extirpar as recordações de pessoas e situações que nos fizeram mal, mas deixá-las habitar pela sua presença. O Espírito cura as recordações, colocando em cima da lista aquilo que conta: a recordação do amor de Deus, o seu olhar pousado sobre nós.
Jamais perder a confiança e recomeçar sempre
Além de nos recordar o ponto de partida, o Espírito ensina-nos que caminhos seguir.
Nas encruzilhadas da vida, o Espírito nos sugere o melhor caminho a seguir, mas para isso é importante saber discernir entre a voz Dele e a do espírito do mal. E nem sempre é a voz que queremos ouvir, pois exige esforço, luta interior e sacrifício.
O maligno se sente à vontade na negatividade, na impaciência, na vitimização e na lamentação. “A inveja entrou no mundo através do diabo”, lembrou o Papa. O Espírito Santo, pelo contrário, convida-nos a não perder jamais a confiança e recomeçar sempre com “o aqui e agora”, isto é, com as circunstâncias que nos rodeiam e não com o sonho de um mundo ideal, de uma Igreja ideal. O Espírito é concretude, dá ânimo, ajuda a perdoar e a ser perdoado.
Rebanho numa pastagem aberta
Por fim, o Espírito ensina à Igreja o modo como caminhar. E este é sempre voltado para fora, para a abertura, para a necessidade vital de sair, a necessidade fisiológica de anunciar, de não ficar fechada em si mesma.
“Ensina a não ser um rebanho que reforça o recinto, mas uma pastagem aberta, para que todos possam alimentar-se da beleza de Deus; ensina a ser uma casa acolhedora, sem divisórias.”
É Ele quem rejuvenesce a Igreja, não nós. “Porque a Igreja não se programa, e os projetos de modernização não bastam.” O Espírito nos convida a percorrer caminhos antigos e sempre novos, ou seja, “os do testemunho, da pobreza, da missão, para libertar-nos de nós mesmos e enviar-nos ao mundo”. Paradoxalmente, o Espírito é autor da divisão no sentido de promover os carismas. “Ele faz a divisão com os carismas e faz a harmonia com toda esta divisão. Esta é a riqueza da Igreja.”
Eis então a exortação final de Francisco:
“Irmãos e irmãs, vamos à escola do Espírito Santo, para que nos ensine tudo. Invoquemo-Lo todos os dias, para que nos lembre de começar sempre do olhar de Deus pousado sobre nós, mover-nos nas nossas escolhas escutando a sua voz, caminhar juntos, como Igreja, dóceis a Ele e abertos ao mundo.”