Santa é celebrada entre os católicos e os adeptos do candomblé, já que no sincretismo religioso, ela representa Iansã, orixá dos ventos e da natureza. Por conta da pandemia, festa segue restrita em 2021.
O calendário de Festas Populares da Bahia começa neste sábado (4), com a celebração a Santa Bárbara. O festejo, um dos mais tradicionais de Salvador, costuma reunir milhares de pessoas pelas ruas do Centro Histórico.
Como em 2020, por conta da pandemia de Coronavírus, a festa deste ano não seguirá a tradição de colorir de vermelho o Pelourinho. No entanto, os sinos e clarins que anunciam a chegada do povo de fé estarão presentes já nas primeiras horas do dia.
A santa, de origem turca, é celebrada na Bahia entre os católicos e os adeptos do candomblé, já que no sincretismo religioso, ela representa Iansã, orixá dos ventos e da natureza.
Neste ano, as missas serão celebradas às 7h, 9h e 11h. Não há mais vagas para assistir a comemoração presencialmente. Quem não conseguiu fazer a reserva, pode acompanhar as celebrações ao vivo através do canal da Irmandade dos Homens Pretos – Salvador. Ainda neste mesmo dia, acontecerá a transmissão da Live Cultural em louvor a Santa Bárbara, às 15h.
Tradicionalmente, no dia de Santa Bárbara, a imagem deixa a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e é levada para um palco no Largo do Pelourinho, onde uma missa campal é realizada. De lá, a procissão segue para o Quartel do Corpo de Bombeiros, também na região do Centro Histórico.
Caruru distribuído em comunidades
Por causa da pandemia, o tradicional caruru distribuído pelo Corpo de Bombeiros Militar da Bahia em homenagem a Santa Bárbara, será distribuído em 600 quentinhas para os moradores de comunidades da capital baiana.
De acordo com pesquisadores, a escolha do caruru para homenagear Santa Bárbara tem a ver com a relação entre os orixás Iansã e Xangô. O quiabo é um alimento ligado à dinastia de Xangô, e segundo as tradições, unifica uma das cortes dos candomblés, formada por Xangô, Iansã, Obá, Ibejis e Ia Massê Malê ou Baiane.
A missa que tradicionalmente acontece na capela dos Bombeiros, na Barroquinha, não terá a presença dos fiéis. A cerimônia vai ser transmitida ao vivo através das redes sociais da corporação. O quartel também não estará aberto para a visitação do público.
“Essas entregas acontecem tradicionalmente no nosso quartel, mas, por causa da pandemia, desde o ano passado estamos com esse novo formato. Estamos priorizando a entrega das quentinhas para pessoas em vulnerabilidade social e também levamos um pouco de conforto para esses cidadãos. Pedimos à população que não vá ao quartel, mas que façam suas orações em casa”, concluiu o comandante-geral Adson Marchesini.
Tradição do século 17 em Salvador
De acordo com historiadores, em Salvador, o culto à santa acontece desde 1641. São 380 anos de uma devoção que surgiu com a instituição do chamado “Morgado de Santa Bárbara”, um conjunto de imóveis dedicados à santa que ficava ao pé da Ladeira da Montanha.
Após um incêndio que destruiu o morgado, a imagem de santa foi transferida para a Igreja do Corpo Santo e, posteriormente, para a Igreja de Nossa Senhora dos Pretos.
Após os festejos de Santa Bárbara, o calendário de Festas Populares da Bahia terá a festa de Nossa Senhora da Conceição, padroeira do estado, no dia 8, e depois Santa Luzia no dia 13. No dia 1º de janeiro é a vez da Procissão de Bom Jesus dos Navegantes e da Festa da Boa Viagem. Em seguida, em janeiro, é a vez da lavagem do Bonfim, e em fevereiro, a festa de Iemanjá. O ciclo dos festejos populares é encerrado com o Carnaval, que, como em 2021, pode não acontecer.
Por g1 BA