Ex-presidente avança nas conversas para ter Alckmin como vice e formar federação com o PSB, mas sabe que é ele quem controla o jogo
Se alguém no PT ainda tinha dúvida, fica evidente mais uma vez que quem manda no partido é e sempre foi Lula. Nos últimos dias, o ex-presidente deu alguns passos a mais em duas negociações que deixam muita gente incomodada dentro do partido: a indicação de Geraldo Alckmin como vice na chapa presidencial e a formação de uma federação com o PSB. Os dois assuntos apareceram em uma reunião realizada ontem pela Executiva nacional do PT. Um outro encontro está marcado para acontecer na próxima segunda-feira.
Em relação a Alckmin, um alto dirigente do partido admitiu à coluna que o cenário atual não é dos mais favoráveis aos insatisfeitos. Como informou o Radar mais cedo, o time contrário à aliança já começa a jogar a toalha, uma vez que se caminha para um acordo em que Alckmin se filie ao PSB. Automaticamente, isso elevaria também as chances para uma federação, o que envolveria acordos em alguns Estados estratégicos, como Pernambuco e São Paulo.
O grupo que até agora vinha se opondo a essas composições diz que quer levar a indicação de Alckmin ao Encontro Nacional do PT. Seria uma forma de firmar posição. A ideia de resolver o assunto no Diretório Nacional, como vem sendo proposto pelos entusiastas da chapa Lula-Alckmin, daria ao acordo uma maioria mais folgada. Mas os opositores têm recorrido ao estatuto da legenda para exigir que o martelo seja batido pela instância máxima da legenda. O Encontro Nacional ainda não foi convocado.
É claro que Lula só levará o assunto ao Encontro ou mesmo ao diretório com a certeza de que tem o controle da votação. Se Lula quiser mesmo que a chapa com Alckmin prospere, a esquerda mais aguerrida da legenda não terá saída a não ser engolir a decisão.
Entre os que em tese vão chorar estão nomes como os ex-presidentes do PT Rui Falcão e José Genoino ou a ex-presidente Dilma Rousseff.
Mas ainda tem gente que acha que todo o debate em torno do assunto é para inglês ver. Que Lula estimulou a gritaria contra o ex-governador para usá-la como ferramenta de manobra na negociação. Se julgar lá na frente que o acordo não é mais interessante ou que existe uma opção melhor, basta então jogar a culpa no PT. Seja como for, todos concordam que, no fim das contas, se Lula quer, Lula faz. E ponto final.
POR CLARISSA OLIVEIRA – VEJA