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Nova vacina contra gripe deve chegar entre fevereiro e março de 2022; veja como funciona a produção

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O g1 conversou com o diretor de produção do Instituto Butantan, que produz 80 milhões de doses de vacinas contra a gripe para atender o Programa Nacional de Imunizações (PNI). Entidade recebeu selo de qualidade da OMS neste ano.

A vacina contra a nova variante do vírus influenza H3N2, a Darwin, deve chegar ao Brasil no início de 2022. O Instituto Butantan, maior produtor de vacinas para a gripe do Hemisfério Sul, já iniciou a preparação dos bancos virais para atualizar o imunizante contra essa nova variante, que vem causando surtos no país.

O Butantan produz 80 milhões de doses de vacinas contra gripe para atender o Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde. Neste ano, o instituto recebeu um selo de qualidade da Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso significa que o imunizante contra a gripe é seguro, tem qualidade e pode ser vendido para o mundo inteiro.

Ricardo das Neves, diretor de produção do Instituto Butantan, explicou ao g1 como funciona esse ciclo de produção, quais são as fases e falou também sobre quando as novas vacinas estarão disponíveis:

  • Quando a nova vacina da gripe estará disponível?
  • Como funciona a vacina da gripe?
  • Como é feita a atualização das vacinas?
  • O que são bancos virais?
  • Por que temos vacinação anual contra gripe?

Quando a nova vacina da gripe estará disponível no Brasil?

Ricardo das Neves acredita que a previsão de produção e liberação de lotes deve ocorrer, no melhor cenário, na segunda quinzena de fevereiro, início de março de 2022. O Butantan está produzindo, no momento, a atualização da cepa B.

“Já produzimos 100% da H1N1. Nesse momento, estamos produzindo IFA [Insumo Farmacêutico Ativo] da cepa B. Em janeiro, vamos iniciar a produção da Darwin. Nesse momento, estamos produzindo os bancos virais para começar o IFA da Darwin.”

Como funciona a vacina da gripe

O diretor do Butantan explica que a vacina produzida pelo instituto é a chamada trivalente, ou seja, abriga três cepas. “A composição é sempre um vírus H1N1, um vírus B e um vírus H3N2. Ao longo do tempo, esses vírus vão sofrendo mutações e, seguindo as orientações da OMS, a gente vai atualizando” (veja mais abaixo como é feita a atualização).

As vacinas quadrivalentes, disponíveis no mercado privado, têm na composição quatro cepas. “A diferença é que a quadrivalente tem uma cepa B a mais. Na trivalente, temos só a B victoria. O Butantan vem trabalhando no desenvolvimento da vacina quadrivalente e ela deve sair nos próximos anos”, diz o diretor.

No entanto, ele alerta que a vacina trivalente, disponível no SUS, cobre muito bem o vírus influenza, pois mais de 90% dos casos de cepa B que circulam no país são da linhagem victoria. “A outra cepa tem uma relevância pequena para o próximo ano”.

Atualização das vacinas

As atualizações de cepa da Organização Mundial da Saúde ocorrem duas vezes por ano:

  • Em fevereiro, com recomendações para o Hemisfério Norte
  • Em setembro, com recomendações para o Hemisfério Sul (onde está o Brasil)

“A OMS junta os dados e avalia o que aconteceu no inverno do Hemisfério Sul. Geralmente, os casos de gripe aumentam entre final de abril e maio até julho e agosto. Esses dados da OMS vão embasar a composição da próxima recomendação, que ocorre em setembro”, explica Ricardo das Neves. O mesmo processo ocorre para o Hemisfério Norte, mas em fevereiro.

Entre as recomendações da OMS para o próximo ano está a linhagem Darwin. Ricardo explica que o Butantan ainda está produzindo o imunizante contra a nova variante.

O que são os bancos virais?

“Os bancos virais são as sementes para produzir os Insumos Farmacêuticos Ativos (IFA)”, diz das Neves. O IFA é a matéria-prima para a produção de qualquer vacina.

O diretor explica que o Butantan recebe dos laboratórios referência da OMS um volume muito pequeno, uma amostra do vírus, e que os cientistas amplificam esse vírus para começar a produção.

Por que temos vacinação anual contra a gripe?

As vacinas de influenza não criam memória a longo prazo, explicou o diretor de produção do Butantan. Além disso, todo ano há atualização de cepas. “A eficácia diminui quando tem uma mutação do vírus, mas ainda protege. As mutações são relevantes, mas os vírus continuam sendo parentes, como se fosse primos. A produção diminui, mas ainda existe”.

Sobre os surtos de influenza registrados no Brasil, Ricardo lembra que é natural a proteção da vacina diminuir um pouco após cinco, seis meses (a campanha de vacinação no país começou em abril). Contudo, a procura pela vacina da gripe esse ano foi menor, já que muitas pessoas priorizaram a vacinação contra a Covid-19.

Foto: Luiz Alves

Por Mariana Garcia, g1


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