Quase metade dos deputados do partido, descontentes com novo União Brasil, deve migrar para legenda escolhida pelo presidente, que avalia o PP
Um dos efeitos colaterais da formação do novo partido União Brasil, resultante da fusão do DEM com o PSL — ainda em análise pela Justiça Eleitoral —, deve ser o súbito inchaço da legenda que venha a ser escolhida pelo presidente Bolsonaro, hoje sem partido. Pelo menos 40% da bancada do PSL da Câmara promete migrar juntamente com Bolsonaro, esvaziando em boa medida a expectativa de formação de um “partido gigante”, propalada pelos defensores da fusão.
Levantamentos recentes sinalizam que, dos 54 deputados do PSL, 23 já se preparam para aproveitar duas oportunidades legais de mudar de partido sem perda de mandato. As chamadas “janelas partidárias” ocorrerão quando a fusão for autorizada pela Justiça e, depois, numa segunda oportunidade, que ocorre seis meses antes da eleição, quando a lei autoriza a mudança de legenda, sem prejuízo para o mandato.
O prazo também pressiona o próprio presidente a se decidir sobre a legenda que deve abrigar sua candidatura presidencial para 2022. As últimas movimentações de Bolsonaro envolvem o PTB e, sobretudo, o PP, do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL), e do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, considerados os principais aliados de Bolsonaro e garantidores da estabilidade do governo.
Líderes dos progressistas trabalham para aplacar resistências na cúpula e nos estados. Exigências feitas pelo próprio presidente também estão sendo negociadas — entre elas o filtro nas candidaturas ao Legislativo. O argumento entre os que se opõem à entrada de Bolsonaro é que “o PP não é legenda de aluguel nem partido pra chamar de seu”. Os progressistas hoje, no entanto, comandam a aliança de partidos que compõem a base governista no Congresso.
CHRISTINA LEMOS | Do R7