Paradoxalmente, o Natal – a maior festa da cristandade – caracteriza-se em grande medida pelo exagero. Seja no consumo de bebidas, comidas, decorações, presentes ou até viagens, o cariz capitalista está sempre presente.
Contudo, em meio a toda essa corrida desenfreada para a celebração, percebe-se também que há uma atmosfera mais fluída de solidariedade, compaixão e esperança de dias melhores.
Para entendermos um pouco desse paradoxo, precisamos conhecer a história da humanidade desde seus primórdios. O Natal teve sua origem nas comemorações dos povos antigos, chamados de pagãos, como os celtas, os gregos, os judeus, e principalmente os romanos, que tinham no festival denominado de “Saturnalia” um grandioso evento que possuía o intuito de comemorar o solstício de inverno. Suas festividades incluíam troca de presentes, consumo de vinho, comidas, música e inversão de convenções
sociais, chegando a durar doze dias consecutivos.
A Igreja Católica, incomodada com os exageros romanos, restringiu as comemorações pagãs para um único dia e convencionou nesta data 25 de dezembro, o nascimento de Jesus, dando um cunho cristão às comemorações (que mesmo assim, não perderam o seu caráter de fartura, troca de presentes e alegria) o que certamente vem explicar a cultura das ceias
fartas das comemorações natalinas contemporâneas, ainda que de forma ressignificada.
Quanto aos sentimentos de solidariedade e esperança, encontramos explicações nas doações dos três Reis Magos, que presentearam a família simples de Nazaré. A esperança, por sua vez, advém da tão esperada vinda do salvador da humanidade pelos homens.
Importante ainda considerar que os elementos culturais vigentes também influenciam nossa maneira de comemorar o Natal, reforçados pelas condições econômicas e as crenças religiosas.
Como nos disse São Luís (Revista Espírita /1862) “que devemos sim comemorar esta data do nascimento do menino Jesus, mas devemos também comemorar o nascimento da nova doutrina espírita, que virá como ele, Jesus, esclarecer aos homens e lhes mostrar o caminho a percorrer.” Entretanto, isso só será possível, mediante nossa renovação moral, feita cotidianamente com
justiça social e retidão, não apenas no período natalino, pois enquanto houver um irmão excluído da ceia, continuará sendo apenas uma festa de fartura para uns e de tristeza para muitos.
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