O mês de outubro tem um significado muito importante na memória do Espiritismo. Nele comemoramos o aniversário de nascimento do mestre lionês Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais conhecido entre nós pelo pseudônimo de Allan Kardec, e pela lembrança do auto de fé de Barcelona. Na primeira efeméride, saudamos o educador francês que muito contribuiu para diversos campos do conhecimento. Nascido em 1805, o professor Rivail foi discípulo de outro grande educador -Pestalozzi -a quem teve a honra de substituir em algumas ocasiões. Anos depois teria contato com os fenômenos do magnetismo, do qual ele participou ativamente. Quando contava por volta de meio século, quando travou contato com o fenômeno das mesas girantes. Onde todos contavam apenas um divertimento, o professor Rivail viu sinais de uma ciência nova. Através de seus estudos e experimentos infatigáveis, um novo campo de conhecimento se desdobrava para a humanidade. Atravessando mais de um século, a Doutrina Espírita resistiu a várias remodelações de outros campos da ciência, mantendo-se inalterável. A lógica e o bom senso utilizados pelo professor Rivail são admirados até hoje pela sua perspicácia e inteligência. Quando preparava-se para publicar a primeira obra da nova ciência, teve a humildade de suprir seu nome que já era conhecido no meio acadêmico, adotando um pseudônimo que permitisse imparcialidade por conta do leitor. A vida de Allan Kardec é a vida de um missionário moderno. De um indivíduo que percebendo a grandiosidade da obra divina, se curva diante dela. A segunda efeméride demonstra ainda a fibra de Allan Kardec e a proposta da Doutrina Espírita. Em 1861, uma remessa de livros e periódicos espíritas e espiritualistas que o senhor Kardec envia a um livreiro amigo seu de Barcelona é interceptada pelo tribunal eclesiástico da Espanha e, mesmo tendo cumprido todas as exigências burocráticas, a remessa é considerada proibida e a mercadoria apreendida. O bispo responsável, imaginando coibir a pesquisa das ciências espiritualistas, manda que sejam levadas as obras para praça pública e ali incendiadas após um discurso empolgado. O episódio, contudo, tem o efeito de propagar ainda mais a ideia espírita, acendendo nas mentes a curiosidade sobre as obras queimadas. Em outubro saudamos ao mestre Allan Kardec pela fibra, humildade e bom senso e lembrando do auto de fé de Barcelona, renovamos nossa certeza de que Deus guia nossos caminhos, transformando episódios que poderíamos acreditar como ruins em oportunidades novas para nossa transformação.
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