Se concebermos o espiritismo como uma doutrina sem dogmas e dialética, poderemos admitir que seus postulados estarão sempre em conformidade com as transformações da sociedade, nos seus mais variados aspectos: sociais, científicos, filosóficos, econômicos e outros. Partindo dessa visão, como nós espiritas devemos conceber a educação no lar, nesse momento histórico social? Educar no sentido amplo, é um processo que visa o pleno desenvolvimento intelectual, físico, moral deum indivíduo sobretudo na infância e na adolescência. Sabemos que educar, em todos os tempos nunca foi tarefa fácil, pois exige mudanças comportamentais alheias aos desejos dos educandos. O que se observa na atualidade é que esta se tornou mais desafiadora, devido à inserção de novas tecnologias e das profundas transformações sociais. As tecnologias impactaram os conhecimentos e os relacionamentos. A vida foi colocada na vitrine através das redes sociais. Todos ficamos mais vulneráveis. Somos juízes e algozes de espetáculos, provocados por nós mesmos. Os comportamentos mais do que nunca, foram massificados pelos apelos do capitalismo e pelo liberalismo exagerado. Mesmo diante dessas dificuldades, é importante ter em mente que existem ensinamentos que não se perderam no tempo e são tão profundos e atuais quanto as transformações sociais: conceber a criança como um ser reencarnado com infinitas potencialidades intelectuais e espirituais, respeitando seus atributos individuais, ́constitui uma condição primordial. Cabe aos pais a responsabilidade de serem os primeiros mentores da criatura. De sua missão amorosa e responsável, decorre uma educação com vista à construção deum ambiente amistoso e equilibrado. Outra concepção importante para uma educação transformadora, é reconhecer que os membros de uma família são companheiros de evolução e não donos um dos outros. Reconhecer que o velho e bom diálogo constitui uma ferramenta imprescindível que não caiu em desuso, continua atual e eficaz nos conflitos e fora deles. Respeitar avocação dos filhos, também é solução apaziguadora e de maturidade familiar. O respeito a sexualidade, opiniões, ideologias, vontades e outras questões que parecem tão difíceis de solucionar, quando na verdade são questões que parecem naturais se resolvidas com paciência, diálogo, transparência e aceitação –que também é uma forma de caridade…Deste modo, nos resta comprometermos com o consolo libertador da doutrina que nos ensina a imortalidade da alma, nos libertando da dor e da morte sem dogmatismo, praticando o diálogo, a democracia, o amor e a caridade, com vistas à construção coletiva de uma humanidade verdadeiramente fraterna.
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