Na doutrina Espírita ouvimos quase como um mantra que “trabalhar é preciso”, apresentando o trabalho como Lei Natural e por isso mesmo uma necessidade, como está descrito no Livro dos Espíritos, questão 674.
Trabalhar se constitui numa fração importante da vida, não apenas por suprir necessidades básicas, mas por dignificar a existência. Nos proporciona meios de aperfeiçoamento da inteligência e ação transformadora sobre nós mesmos e sobre a sociedade em que vivemos.
Porém, ao longo da história da humanidade, trabalhar ganhou uma conotação de castigo, punição ou até perda de liberdade. A visão materialista da vida, associada ao orgulho, egoísmo e impulsionada pelo aumento de falsas necessidades, nos tornou escravos das nossas escolhas. Além de nos limitar a apenas um aspecto (o material) das nossas demandas.
Assim, é aceitável que o entendimento sobre o trabalho em uma sociedade com graves implicações sociais e econômicas, má distribuição de renda, ainda vivendo ilusões materiais não seja o caminho mais exultante de uma vida. O desejo por ocupações fúteis e que alimentem os prazeres terrestres afasta do homem a ideia de serviço Como um caminho ao progresso na busca
do desenvolvimento completo.
Kardec reforça que apenas a educação moral – o conjunto de hábitos adquiridos – pode curar as chagas sociais da desordem e da imprevidência e ampliar nosso entendimento do trabalho como processo educacional no aprendizado de amar ao próximo.
Toda ocupação útil é trabalho. Assim, não podemos desconsiderar os mais simples, braçais, não monetizados como trajeto para melhoramento íntimo.
Sem postergar aqueles que nos permitem importantes exercícios nas esferas Espiritual e Moral, exercendo a fraternidade. Só assim conseguiremos não só a sobrevivência, mas também transformação.
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