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Papa aos seminaristas: há um mundo inteiro sedento de Cristo

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“Sejam tecelões de comunhão, contra desigualdades, pastores atentos aos sinais de sofrimento do povo. Sejam corajosos em levantar palavras proféticas em nome dos que não têm voz”. São palavras do Papa Francisco no encontro com a comunidade do Pontifício Seminário Lombardo dos santos Ambrósio e Carlos in Urbe na manhã desta segunda-feira (07) no Vaticano

O Papa Francisco recebeu na manhã desta segunda-feira (07) a comunidade do Pontifício Seminário Lombardo dos santos Ambrósio e Carlos in Urbe. O discurso à Comunidade teve como ponto central o Papa Pio XI, Achille Ratti, um dos primeiros alunos do Seminário. Depois de recordar os 100 anos da eleição de Pio XI, Francisco disse que faria algumas reflexões sobre esse Pontífice, não para cultivar nostalgias “mas para encontrar sinais proféticos para o seu ministério e missão, particularmente ao serviço da Igreja e do povo italiano”.

O ex-aluno Pio XI

Logo que foi eleito, recordou, “Pio XI escolheu fazer sua saudação não mais de dentro da Basílica, mas do balcão externo. Ele queria que sua primeira bênção fosse dirigida Urbi et Orbi, à cidade de Roma e ao mundo inteiro”. Refletindo sobre este gesto o Papa advertiu a comunidade: “Por favor, não fiquemos barricados na sacristia cultivando pequenos grupos fechados onde possamos nos aconchegar e ficar tranquilos. Há um mundo à espera do Evangelho, e o Senhor quer que seus pastores se conformem a Ele, levando em seus corações e em seus ombros as expectativas e os fardos do rebanho” concluindo:

“Corações abertos, compassivos, misericordiosos; e mãos trabalhadoras e generosas que se sujam e se ferem por amor, como as de Jesus na cruz…”

“Assim como queremos misericórdia quando vamos pedir perdão por nossos pecados e buscamos os mais misericordiosos, sejam misericordiosos. Com todos. Não esqueça que Deus nunca se cansa de perdoar. Somos nós que nos cansamos de pedir perdão. Mas Ele nunca se cansa de perdoar.” Reiterando esse ponto Francisco afirma que “o gesto de Pio XI vale mais do que mil palavras”. “Nestes anos vocês estudam e aprofundam, e isto é um presente de Deus. Mas seu conhecimento nunca deve se tornar abstraído da vida e da história”. “É preciso do testemunho de vida: ser sacerdotes ardentes pelo desejo de levar o Evangelho às ruas do mundo, aos bairros e lares, especialmente aos lugares mais pobres e esquecidos. Testemunhas, gestos, como aquele primeiro gesto de Pio XI”.

Abrir o coração

Um segundo ponto. Em sua primeira homilia solene, o Papa Pio XI falou sobre as missões e, mais do que respostas, convidou a se fazerem uma pergunta: “O que posso oferecer ao Senhor?”. Francisco disse em seguida que é uma boa pergunta que todos devem se fazer para se preparar à missão, recordando mais uma vez que “não é uma pergunta sobre o que temos ao nosso redor e o que queremos”, mas pede para “abrirmos o coração à disponibilidade e ao serviço”. E convidou a comunidade a se perguntar todos os dias, no início da jornada, “o que posso oferecer?”. Porque, disse Francisco, “há um mundo inteiro sedento de Cristo”.

Sonhar a Igreja mais livre, fraterna, aberta

O último ponto de reflexão vem de uma das numerosas encíclicas sociais de Pio XI. Francisco leu um trecho da Quadragesimo anno de quase um século atrás, “mesmo assim atualíssima”: ‘O que fere os olhos é que em nosso tempo não há apenas a concentração da riqueza, mas a acumulação de um enorme poder, de um domínio despótico da economia nas mãos de poucos….’”. Comentando em seguida: “Como isso é verdade e como é trágico agora, quando a distância entre os poucos ricos e os muitos pobres é cada vez maior. Neste contexto de desigualdades, que a pandemia tem aumentado, vocês se encontrarão vivendo e trabalhando como sacerdotes do Concílio Vaticano II, como sinais e instrumentos da comunhão dos povos com Deus e uns com os outros”.

E convidou:

“Portanto, sejam tecelões de comunhão, contra desigualdades, pastores atentos aos sinais de sofrimento do povo. Mesmo através do conhecimento que vocês estão adquirindo, sejam competentes e corajosos em levantar palavras proféticas em nome dos que não têm voz”

Por fim Francisco concluiu afirmando que os esperam grandes tarefas: “Para realizá-las, convido-os a pedir a Deus para sonhar a beleza da Igreja: sonhar a Igreja italiana do amanhã, mais fiel ao espírito do Evangelho, mais livre, fraterna e alegre em testemunhar Jesus, animada pelo ardor de alcançar os que não conheceram o ‘Deus de toda consolação’”.


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